27 de dezembro de 2012

Dias Estranhos


"...Comecei a desaparecer no dia em que os meus olhos se afundaram nos teus.
Agora que os teus olhos se fecharam sei que não voltarás a devolver-me os meus..."

Inês Pedrosa

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Desejos...



Eu queria ser o Mar de altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!

Eu queria ser o Sol, a luz imensa,
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a árvore tosca e densa
Que ri do mundo vão e até a morte!

Mas o Mar também chora de tristeza ...
As árvores também, como quem reza,
Abrem, aos Céus, os braços, como um crente!

E o Sol altivo e forte, ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!
E as Pedras ... essas ... pisa-as toda a gente! ...

Florbela Espanca

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Tentei...


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26 de dezembro de 2012

Podes Ficar Aqui?


Podes ficar aqui?
Não vás embora.

Precisarei de mais alguns minutos,
horas, dias, semanas, meses, anos,
eternidades para te esquecer…

Fernando Pinto Do Amaral

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The Little Pearl



And The Little Pearl You Left Behind I Kept It Safe It’S Here In My Pocket Like Hope Just Something I Would Never Give Up Like All The Best Dreams...

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23 de dezembro de 2012

Mapa - Múndi

"Sento-me à mesa de trabalho. Inclino a cabeça para a memória dos livros que li e amei. Com um gesto de ave pouso a mão sobre o papel. E no interior da sombra da mão, começo a escrever: era uma vez…"

Al Berto

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21 de dezembro de 2012

Desperta-Me De Noite




Tira-me a blusa, amor,
que eu tiro-te a camisa,
percorro-te com a língua
o ventre desvendado

e tu vais-me tomando,
tocando, mais acima,
entreabrindo as pernas puxando-me
para baixo

E nada mais sossega ou se aquieta,
afirmas,
e eu conheço a chama no corpo
desatada

essa onda rasgada
que fulmina
nos envolve - convulsa
e tresloucada

Depois, nenhum dos dois
já sabe onde termina
onde se acoita o grito devorado

Pelo prazer que rompe
e que domina
o corpo, meu amor,
do nosso desacato

Maria Teresa Horta

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Learn To Laugh About The Occasional Fuck



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20 de dezembro de 2012

As Palavras Preenchem Abismos



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Disseram-Me Que...



Preciso de amor a conta-gotas,
estou a soro,
e já não tenho pele onde espetar tanta agulha.

Miguel Martins

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19 de dezembro de 2012

Talvez Sejas....



Talvez sejas
a breve recordação de um sonho
de que alguém (talvez tu) acordou
(não o sonho, mas a recordação dele),
um sonho parado de que restam
apenas imagens desfeitas, pressentimentos.
Também eu não me lembro,
também eu estou preso nos meus sentidos
sem poder sair. Se pudesses ouvir,
aqui dentro, o barulho que fazem os meus sentidos,
animais acossados e perdidos
tacteando! Os meus sentidos expulsaram-me de mim,
desamarraram-me de mim e agora
só me lembro pelo lado de fora.

Manuel António Pina

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Recuerdos



Cuando la pena cae sobre mi
El mundo deja ya de existir
Miro hacia atrás y busco entre mis recuerdos
Para encontrar la niña que fui
Y algo de todo lo que perdí
Miro hacia atrás y busco entre mis recuerdos
Sueño con noches brillantes al borde
De un mar de aguas claras y puras
Y un aire cubierto de azahar
Cada momento era especial
Días de prisas, tardes de paz
Miro hacia atrás y busco entre mis recuerdos
Yo quisiera volver a encontrar la pureza
Nostalgia de tanta inocencia que tan poco tiempo duró
Con el veneno sobre mi piel
Frente a las sombras de la pared
Miro hacia atrás y busco entre mis recuerdos
Y si las lagrimas vuelven
Ellas me harán más fuerte.

Yo quisiera volver a encontrar la pureza
Nostalgia de tanta inocencia que tan poco tiempo duró
Cuando la pena cae sobre mi
Quiero encontrar aquello que fui
Miro hacia atrás y busco entre mis recuerdos

Luz Casal

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18 de dezembro de 2012

17 de dezembro de 2012

Bailarina Fui...Mas Nunca Dancei


Bailarina fui
Mas nunca dancei
Em frente das grades
Só três passos dei

Tão breve o começo
Tão cedo negado
Dancei no avesso
Do tempo bailado

Dançarina fui
Mas nunca bailei
Deixei-me ficar
Na prisão do rei

Onde o mar aberto
E o tempo lavado?
Perdi-me tão perto
Do jardim buscado

Bailarina fui
Mas nunca bailei
Minha vida toda
Como cega errei

Minha vida atada
Nunca a desatei
Como Rimbaud disse
Também direi:

"Juventude ociosa
Por tudo iludida
Por delicadeza
Perdi minha vida."

Sophia De Mello Breyner

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Dance...Dance...Dance...




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Boa Noite...


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16 de dezembro de 2012

Apetece-Te Uma Fogueira?



Estava capaz de fazer uma fogueira. Apetece-te uma fogueira?

Vou fazer uma fogueira.

Estava capaz de rasgar o jornal de domingo aos bocadinhos

E tentar não ligar aos anúncios.

Estava capaz de acabar de cavar o buraco que estive a abrir no quintal.

Estava capaz de fazer chá e tomar vitamina C.

Apetece-te uma chávena de chá?

Estava capaz de dar muito simplesmente um passeio, sem destino nenhum.

Estava capaz de ficar muito sossegadinho a um canto, parando de inventar motivos para andar de um lado para o outro.

Estava capaz de ter uma conversa contigo.

Apetece-te uma conversa?

Sam Shepard

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Lend Me A Life



Lend me a life
Put me on a loop again
Just spine me up for liberty and hopes
Liberties and hopes, and liberties and hopes
Define me
And bind me
And I'll crawl the pretty path
I'll crawl the pretty path...

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15 de dezembro de 2012

Caos...


Hei-de sobreviver ao meu próprio caos,
antes que a noite seja mágoa no poente e, por dentro das manhãs,
morram os pássaros sufocados de tristeza.

Graça Pires

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13 de dezembro de 2012

De Ferida Em Cicatriz



Não tenho planos, nem promessas, nem
filhos que nos convidem para almoços
de domingo – a minha ideia de família
resume-se a um retrato velho preso numa
gaveta; e do amor possível sei tão-só

o que li nos romances que nos salvaram
da desordem quando o meu tempo
andava de ferida em cicatriz. Mas guardo
ainda muitos por estrear para essa estante

que ergueste no corredor como uma casa
nova. Trago portas abertas no coração:

se ainda não sabias, és muito bem vindo.

Maria Do Rosário Pedreira

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Have You...



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7 de dezembro de 2012

Não Sei Se Respondo Ou Se Pergunto...


Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha ebriedade é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.

António Ramos Rosa

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Always The Years...Always The Hours



[Stephen Daldry - 2002]

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6 de dezembro de 2012

Vodka


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Às Vezes Escondo-Me No Corpo E Ninguém Me Vê...


Tenho o olhar preso aos ângulos escuros da casa
Tento descobrir um cruzar de linhas misteriosas, e
com elas quero construir um templo em forma de ilha
ou de mãos disponíveis para o amor....

Na verdade, estou derrubado
Sobre a mesa em fórmica suja duma taberna verde,
não sei onde
Procuro as aves recolhidas na tontura da noite
Embriagado entrelaço os dedos
Possuo os insectos duros como unhas dilacerando
Os rostos brancos das casas abandonadas, á beira mar...

Dizem que ao possuir tudo isto poderia
ter sido um homem feliz, que tem por defeito
interrogar-se acerca da melancolia das mãos....
...Esta memória lámina incansável

Um cigarro
Outro cigarro vai certamente acalmar-me
....Que sei eu sobre as tempestades do sangue?
E da água?
No fundo, só amo o lodo escondido das ilhas...

Amanheço dolorosamente, escrevo aquilo que posso
Estou imóvel, a luz atravessa-me como um sismo
Hoje, vou correr à velocidade da minha solidão

Al Berto

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Midnight Blue



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3 de dezembro de 2012

Estarás Ardendo, Todo Feito De Água?



O truque era este: nenhum possível nos bastava,
mansão de poesia ou tenda de desertos;
amor era o lugar onde habitávamos.
Agora vai ser assim: nunca mais te verei.
Do outro lado do universo, ou naquela estreita rua
por onde escolherei, ao acaso, não ir,
ou talvez junto ao rio, no improvável jardim
onde barcos pintados se misturam às folhas
do vento neste outono distraído,
estarás ardendo, todo feito de água?
Se me vês, perguntas
notícias de frança, coisas dos jornais? como vai
o mundo? e eu que queria
ser vasto e profundo
fico assobiando
rimas trivias; já não sei o nome
que me trouxe aqui. O vento, fora, agita
as folhas de árvores na alameda, são as sombras
que vemos, na parede atravessada pela noite;
compreendes agora? nenhuma literatura,
nenhum chiar da roda inexorável, inoxidável mesmo,
mito, frase, romance, ou fantasia,
nem o extenso fogo que simula, na linha de horizonte,
perfeitamente a aurora borealis,
e nem o mundo, nem o saber do mundo,
te bastarão. Deves partir, para encontrar
o que aqui deixas próximo e invisível,
simples surpresa que se esquece e cessa. Enquanto
viajas, cai-me o cabelo, os dentes, um por dia,
fica cinzenta a pele, e as penas com que cubro
a cisão primitiva natural; no surdo espelho
há um gesto de horror quando o vampiro
irreflectido me promete um beijo.
Tivesse, nesse dia, a bomba rebentado
à passagem da víbora; tivesse o general
mais pontaria, ao ver o chanceler;
tivesse o vão sorriso da princesa
durado até ao chá estar sobre a mesa;
tivesses tu pousado a mão sem medo
nos meus lábios gretados de palavras
e amado em mim o amor que nos confunde,
um mínimo detalhe diferente
traria a cada coisa um outro eco.
Mas minto, certamente? agora entendes? ouves talvez
os tão tranquilos passos nas escadas, e estremece
um deus adormecido no teu peito. Tivesse
eu só feito cessar o tempo, e a terra
como era meu dever e meu direito,
e declarado, ali no chão de estrelas,
que és tu a voz e o incêndio deste campo,
já quem me ouvisse nunca mais podia
ter outro tecto que a manhã celeste,
e assim seria agora: ver-te
como se vê a luz, a treva, o tempo,
ou se veria a paz, quando viesse.

António Franco Alexandre

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I Am A Bird Now



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1 de dezembro de 2012

Desperta-Me De Noite

Desperta-me de noite
o teu desejo
na vaga dos teus dedos
com que vergas
o sono em que me deito

É rede a tua língua
em sua teia
é vício as palavras
com que falas

A trégua
a entrega
o disfarce

E lembras os meus ombros
docemente
na dobra do lençol que desfazes

Desperta-me de noite
com o teu corpo
tiras-me do sono
onde resvalo

E eu pouco a pouco
vou repelindo a noite
e tu dentro de mim
vai descobrindo vales.

Maria Teresa Horta

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My Favorite Things


Papoilas. Azul-Indigo. Borboletas. Algodão Doce Cor-De-Rosa. Silêncios Partilhados. Melancolia. Lua. Trovoada. Maresia. Lealdade. Wong Kar-Wai. Desassossegos. Coragem. Um Beijo. Desafios. Amor...

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Gosto De Espreitar O Teu Sono De Criança...



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29 de novembro de 2012

Lullabies


O vento é um pedaço de oxigénio disfarçado de fantasma, que vagueia a assobiar uma canção que nunca passa de moda.

Alejandra Pizarnik

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28 de novembro de 2012

Um Segredo E Uma Boa Noite

Não contes do meu
vestido
que tiro pela cabeça

nem que corro os
cortinados
para uma sombra mais espessa

Deixa que feche o
anel
em redor do teu pescoço
com as minhas longas
pernas
e a sombra do meu poço

Não contes do meu
novelo
nem da roca de fiar

nem o que faço
com eles
a fim de te ouvir gritar

Maria Teresa Horta

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O Amor É Um Lugar Estranho

"Promete que nunca me guardarás numa gaveta. Quer tenha ou não chave..."

Pedro Paixão [A Rapariga Errada]

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Your Heart Stays Cool



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Lilac Wine


Good Morning...!

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27 de novembro de 2012

Follow The Map



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Love


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Someone Out Of Town



"caminho com os braços levantados, e com a ponta dos dedos acendo o firmamento da alma.
espero que o vento passe... escuro, lento. então, entrarei nele, cintilante, leve... e desapareço."

Al Berto

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25 de novembro de 2012

I'M Still Here


And the moments that i enjoy
A place of love and mystery
I'll be there anytime
 
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Fechada A Sete Chaves


Mãe, eu quero ir-me embora — a vida não é nada
daquilo que disseste quando os meus seios começaram
a crescer. O amor foi tão parco, a solidão tão grande,
murcharam tão depressa as rosas que me deram —
se é que me deram flores, já não tenho a certeza, mas tu
deves lembrar-te porque disseste que isso ia acontecer.

Mãe, eu quero ir-me embora — os meus sonhos estão
cheios de pedras e de terra; e, quando fecho os olhos,
só vejo uns olhos parados no meu rosto e nada mais
que a escuridão por cima. Ainda por cima, matei todos
os sonhos que tiveste para mim — tenho a casa vazia,
deitei-me com mais homens do que aqueles que amei
e o que amei de verdade nunca acordou comigo.

Mãe, eu quero ir-me embora — nenhum sorriso abre
caminho no meu rosto e os beijos azedam na minha boca.
Tu sabes que não gosto de deixar-te sozinha, mas desta vez
não chames pelo meu nome, não me peças que fique —
as lágrimas impedem-me de caminhar e eu tenho de ir-me
embora, tu sabes, a tinta com que escrevo é o sangue
de uma ferida que se foi encostando ao meu peito
como uma cama se afeiçoa a um corpo que vai vendo crescer.

Mãe, eu vou-me embora — esperei a vida inteira por quem
nunca me amou e perdi tudo, até o medo de morrer. A esta
hora as ruas estão desertas e as janelas convidam à viagem.
Para ficar, bastava-me uma voz que me chamasse, mas
essa voz, tu sabes, não é a tua — a última canção sobre
o meu corpo já foi há muito tempo e desde então os dias
foram sempre tão compridos, e o amor tão parco, e a solidão
tão grande, e as rosas que disseste que um dia chegariam
virão já amanhã, mas desta vez, tu sabes, não as verei murchar.

Maria Do Rosário Pedreira

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A Noite Parece Um Grito De Lobo...



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20 de novembro de 2012

Descer Aos Infernos


Se for preciso, irei buscar um sol
para falar de nós:
ao ponto mais longínquo
do verso mais remoto que te fiz
Devagar, meu amor, se for preciso,
cobrirei este chão
de estrelas mais brilhantes
que a mais constelação,
para que as mãos depois sejam tão
brandas
como as desta tarde
Na memória mais funda guardarei
em pequenas gavetas
palavras e olhares, se for preciso:
tão minúsculos centros
de cheiros e sabores
Só não trarei o resto
da ternura em resto esta tarde,
que nem nos foi preciso:
no fundo do amor, tenho-a comigo.
quando a quiseres.

Ana Luísa Amaral

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Dawn



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15 de novembro de 2012

Where Time Goes


O teu corpo transpira o meu ópio.
Não te afastes.

Vasco Gato

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10 de novembro de 2012

Solo



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Podes Deitar-Te Na Minha Cama E Contar-Me Mentiras

Hoje podes deitar-te na minha cama
e contar-me mentiras - dizer, não sei,
que o amor tem a forma da minha mão
ou que os meus beijos são perguntas que
não queres que ninguém te faça senão

eu; que as flores bordadas na dobra do
meu lençol são de jardins perfeitos que
antes só existiam nos teus sonhos; e que
na curva dos meus braços as horas são
mais pequenas do que uma voz que no

escuro se apagasse. Hoje podes rasgar
cidades no mapa do meu corpo e
inventar que descobriste um continente
novo - uma pátria solar onde gostavas
de morrer e ter nascido. Eu não me

importo com nada do que me digas esta
noite: amo-te, e amar-te é reconhecer o
pólen excessivo das corolas, o seu vermelho
impossível. Mas amanhã, antes de partires,

não digas nada, não me beijes nas costas
do meu sono. Leva-me contigo para sempre
ou deixa-me dormir - eu não quero ser
apenas um nome deitado entre outros nomes.

Maria Do Rosário Pedreira

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4 de novembro de 2012

Tapa-Me


You'Re My PlayGround Love

Yet my hands are shaking
I feel my body reeling
Time's no matter i'm on fire
On the playground love

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Let Go



Bridges made of sand
Are the ones in your hand

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3 de novembro de 2012

Se Me Abraçares, Não Partas


Vem ver-me antes que eu morra de amor — o sangue
arrefece dentro do meu corpo e as rosas desbotam
nas minhas mãos. Da minha cama ouço a tempestade
nos continentes; e já quis partir, deixar que o vento
levasse a minha mala por aí; fiz planos de correr mundo
para te esquecer — mas nunca abria a porta.

Vem ver-me enquanto não morro, mas vem de noite —
a luz sublinha a agonia de um rosto e quero que me recordes
como eu podia ter sido. Da minha cama vejo o sol
tatuar as costas do meu país; e já sonhei que o perseguia,
que desenhava o teu nome no veludo da areia e sentia
a vida pulsar nessa palavra como um músculo tenso
escondido sob a pele — mas depois acordava e não ia.

Vem ver-me antes que morra, mas vem depressa —
os livros resvalam-me do colo e o bolor avança
sobre a roupa. Da minha cama sinto o perfume das
folhas tombadas nos caminhos, O outono chegou. E o quarto
ficou tão frio de repente. E tu sem vires. Agora
quero deitar-me no tapete de musgo do jardim e ouvir
bater o coração da terra no meu peito. Os vermes
alimentam-se dos sonhos de quem morre. E tu não vens.

Maria Do Rosário Pedreira

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Estás Dentro Dos Meus Olhos



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Awakening


A lua está longe e mesmo assim
Dançar podemos sempre, se quiseres...


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2 de novembro de 2012

Boa Noite [Mundo]


I sleep no more
I dream no more
There's nothing here
To wake up for

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Hoje...


Hoje vou levantar-me e vou estar contente...
Vou andar por mim dentro em visita...
Vou penetrar-me, a mim própria ter-me, ter-me...
Vou a mim própria ser-me, vou respirar-me, rir-me,
Vou-me a mim própria abrir-me, a mim própria despir-me,
a mim própria dançar-me,...com meu amor afogar-me, com minha angústia ferir-me, com meu sono
dormir-me, com meus sonhos minha esperança erguer-me,
com minha loucura endoidecer-me,...
Vou gritar por ti...
até que tu me oiças e possas chamar-me pelo meu nome!

Ana Hatherly

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28 de outubro de 2012

Every Day...


Um dia sem ouvir a tua voz é como descobrir que o mar morreu.

David Mourão - Ferreira


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20 de outubro de 2012

Procura-Se Um Amigo


Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objectivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

Vinicius De Moraes

Para Ti, Ana


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18 de outubro de 2012

Can You Feel The Light



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Mão


"Não digas nada, dá-me só a mão. Palavra de honra que não é preciso dizer nada, a mão chega. Parece-te estranho que a mão chegue, não é, mas chega."

António Lobo Antunes


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