7 de dezembro de 2012

Não Sei Se Respondo Ou Se Pergunto...


Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha ebriedade é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.

António Ramos Rosa

Bocas OnLine

2 comentários:

R disse...

O verso «Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido» é pura geografia da Alma.

Que tenhas um belo fim-de-semana!

Beijo

Seraphyta disse...

É....pura geografia da Alma.

Um bom fim-de-semana para ti também!

Beijo