21 de junho de 2011

Sou Uma Cidade Esquecida...


Ela disse: Sou uma cidade esquecida.
Ele disse: Sou um rio.
Ficaram em silêncio à janela
cada um à sua janela
olhando a sua cidade, o seu rio.
Ela disse: Não sou exactamente uma cidade.
Uma cidade é diferente de uma cidade esquecida.
Ele disse: Sou um rio exacto.
Agora na varanda
cada um na sua varanda
pedindo: Um pouco de ar entre nós.
Ela disse: Escrevo palavras nos muros que pensam em ti.
Ele disse: Eu corro.
De telefone preso entre o rosto e o ombro
para que ao menos se libertassem as mãos
cada um com as suas mãos libertas.
Ela temeu o adeus, disse: Sou uma cidade esquecida.
Ele riu.

Filipa Leal



Bocas OnLine

2 comentários:

Anónimo disse...

"Estudaste os teus mapas? Conheces os caminhos?"
A cidade líquida

Anónimo disse...

"Escrevo palavras nos muros que pensam em ti..." que palavras escreves nesses muros?