Estendi a mão por qualquer coisa inocente
uma pedra, um fio de erva, um milagrepreciso que me digas agora
uma coisa inocente.
Não uses palavras
qualquer palavra que me digas há-de doerpelo menos mil anos
não te prepares, não desejes os detalhes
preciso que docemente o vento
o longínquo e o próximo
espalhe o amor que não teme.
Não uses palavras
se me segredasaquilo que no fundo das nossas mentiras
se tornou uma verdade sublime.
José Tolentino Mendonça
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