"não é um sonho, juro, são apenas as minhas mãos sobre a tua nudez como uma sombra no deserto. É apenas este rio que me percorre há muito e desagua em ti, porque tu és o mar que acolhe os meus destroços"
"haverá talvez uma fala onde nos poderemos encontrar sem que a tua mão esqueça a minha, sem que o sorriso esconda o vazio, uma fala que só possa e saiba dizer nós. haverá talvez um poema em que o soluço aperte as veias como o rio aperta o mar, um poema em que eu e tu dormimos sobre o luminoso esplendor do universo."
"Acabei hoje o sabonete cujo uso iniciaste aquando o teu último banho cá em casa. Ficaram coisas que te pertencem e que não sei se deva guardar, a saber: um candeeiro, um desenho, uma fotografia. Outras coisas ficaram alguns discos e já não sei que livro. Não ferem tanto. Há ainda a memória da pele, o amarelo dos olhos e algumas expressões do teu português falado. Mas estas últimas coisas já se confundem com o espírito da casa, quero dizer-te com a poeira da casa."
"...haverá talvez um poema em que o soluço aperte as veias..."
Acabou de acontecer.
" Diz o meu nome pronuncia-o como se as sílabas te queimassem os lábios sopra-o com a suavidade de uma confidência para que o escuro apeteça para que se desatem os teus cabelos para que aconteça
Porque eu cresço para ti sou eu dentro de ti que bebe a última gota e te conduzo a um lugar sem tempo nem contorno
Porque apenas para os teus olhos sou gesto e cor e dentro de ti me recolho ferido exausto dos combates em que a mim próprio me venci..."
"no tempo em que éramos felizes não chovia. levantávamo-nos juntos, abraçados ao sol. as manhãs eram um céu infinito. o nosso amor era as manhãs. no tempo em que éramos felizes o horizonte tocava-se com a ponta dos dedos. as marés traziam o fim da tarde e não víamos mais do que o olhar um do outro. brincávamos e éramos crianças felizes. às vezes ainda te espero como te esperava quando chegavas com o uniforme lindo da tua inocência. há muito tempo que te espero. há muito tempo que não vens."
Se é bom...o soluço apertar as veias? É asfixiante quando se sabe que já é tarde...
"e na palma da tua mão busco ternura sem contar meses, anos,dias, sem saber dizer se já te chorei por inteiro o suficiente para não voltar a perder-te"
"Lembro-me do som dos teus passos, uma respiração apressada, ou um princípio de lágrimas, e a tua figura luminosa atravessando a praça até desaparecer. Ainda ali fiquei algum tempo, isto é, o tempo suficiente para me aperceber de que, sem estares ali, continuavas ao meu lado. E ainda hoje me acompanha essa doente sensação que me deixaste como amada recordação."
"Não imaginas, ninguém imagina, como o meu peito ficou vazio depois de partires. O teu sorriso existia ainda dentro de mim, mas já não eras tu. era a tua imagem. Não penso para onde foste porque o meu peito, sem ti, fica atravessado por lâminas. Tenho um silêncio dentro. Toco os sítios onde estiveram as tuas mãos. Sinto o que sentiste. Fico acordado de noite, com a esperança secreta de que possas regressar"
10 comentários:
A magia da noite podem ser os sonhos
"não é um sonho, juro, são apenas as minhas mãos sobre a tua nudez como uma sombra no deserto. É apenas este rio que me percorre há muito e desagua em ti, porque tu és o mar que acolhe os meus destroços"
Anónimo,
"Eu sei, não te conheço mas existes.
[...] apenas me dói a tua ausência
como uma fogueira
ou um grito..."
"haverá talvez uma fala onde nos poderemos encontrar
sem que a tua mão esqueça a minha, sem que o sorriso
esconda o vazio, uma fala que só possa e saiba dizer nós.
haverá talvez um poema em que o soluço aperte as veias
como o rio aperta o mar, um poema em que eu e tu
dormimos sobre o luminoso esplendor do universo."
"Não há mais sublime sedução do que saber esperar alguém..."
"Acabei hoje o sabonete cujo uso iniciaste aquando
o teu último banho cá em casa. Ficaram coisas que
te pertencem e que não sei se deva guardar,
a saber: um candeeiro, um desenho, uma fotografia.
Outras coisas ficaram
alguns discos e já não sei que livro. Não ferem
tanto. Há ainda a memória da pele, o amarelo dos
olhos e algumas expressões do teu português falado.
Mas estas últimas coisas já se confundem com o
espírito da casa, quero dizer-te com a poeira da
casa."
Anónimo,
"...haverá talvez um poema em que o soluço aperte as veias..."
Acabou de acontecer.
"
Diz o meu nome
pronuncia-o
como se as sílabas te queimassem os lábios
sopra-o com a suavidade
de uma confidência
para que o escuro apeteça
para que se desatem os teus cabelos
para que aconteça
Porque eu cresço para ti
sou eu dentro de ti
que bebe a última gota
e te conduzo a um lugar
sem tempo nem contorno
Porque apenas para os teus olhos
sou gesto e cor
e dentro de ti
me recolho ferido
exausto dos combates
em que a mim próprio me venci..."
E isso é bom? O soluço apertar as veias?
"no tempo em que éramos felizes não chovia.
levantávamo-nos juntos, abraçados ao sol.
as manhãs eram um céu infinito. o nosso amor
era as manhãs. no tempo em que éramos felizes
o horizonte tocava-se com a ponta dos dedos.
as marés traziam o fim da tarde e não víamos
mais do que o olhar um do outro. brincávamos
e éramos crianças felizes. às vezes ainda
te espero como te esperava quando chegavas
com o uniforme lindo da tua inocência.
há muito tempo que te espero. há muito tempo que não vens."
Anónimo,
Se é bom...o soluço apertar as veias?
É asfixiante quando se sabe que já é tarde...
"e na palma da tua mão
busco ternura
sem contar meses,
anos,dias,
sem saber dizer
se já te chorei
por inteiro
o suficiente
para não voltar
a perder-te"
Asfixiante? A asfixia do desassossego? :-)
"Lembro-me do som dos teus passos,
uma respiração apressada, ou um princípio de lágrimas,
e a tua figura luminosa atravessando a praça
até desaparecer. Ainda ali fiquei algum tempo, isto é,
o tempo suficiente para me aperceber de que, sem estares ali,
continuavas ao meu lado. E ainda hoje me acompanha
essa doente sensação que
me deixaste como amada
recordação."
Anónimo[a]
"Não imaginas, ninguém imagina, como o meu peito
ficou vazio depois de partires. O teu sorriso existia
ainda dentro de mim, mas já não eras tu. era a tua
imagem.
Não penso para onde foste porque o meu peito, sem
ti, fica atravessado por lâminas. Tenho um silêncio
dentro. Toco os sítios onde estiveram as tuas mãos.
Sinto o que sentiste.
Fico acordado de noite, com a esperança secreta de que possas regressar"
Enviar um comentário