De esperas construímos o amor intenso e súbito
que encheu as tuas mãos de sol e a tua boca de beijos.
Em estranhos desencontros nos amamos.
Havia o rio mas sempre ficávamos na margem.
Eu tocava o teu peito e os teus olhos e, nas minhas mãos,
a tarde projectava as suas grandes sombras
enquanto as gaivotas disputavam sobre a água
talvez um peixe inquieto, algo que nunca pudemos ver.
As nossas bocas procuravam-se sempre, ávidas e macias
E por muito tempo permaneciam assim, unidas,
machucando-se, torturando as nossas línguas quase enlouquecidas.
Depois olhávamo-nos nos olhos.
No mais profundo silêncio.
E, sem palavras,partíamos com as mãos docemente amarradas
e os corações estoirando uma alegria breve
Quando a noite descia apaixonada
Como o longo beijo da nossas despedida.
Joaquim Pessoa
Bocas OnLine
10 comentários:
Adoro Joaquim Pessoa.....esse texto muito bom."Quando a noite descia apaixonada
Como o longo beijo da nossas despedida."
Hummmmm..Dejávu.bj
boa noite e bons sonhos.
Quim,
Obrigada...AdoraMos O Joaquim Pessoa :))
Boa noite e que os anjos velem o teu sono.
Bj
Seraphyta..fazendo turno da noite...pr isso eles que velem os teus...bj....a foto...sugestiva..rs....
Confesso que desconhecia este texto...mas cativou-me em pleno, obrigado por teres partilhado!
Hugo,
Obrigada pelo comentário.
É sempre um prazer partilhar o que me move com os demais.
Bj
A espera stranger, a eterna espera:
«Esse fogo consumido queima ainda a lembrança do sul, a sua extrema dor anoitecida.
Não vens jamais.
O teu rosto é a relva mutilada dos passos em que me entristeço, a absoluta condenação.
...
Ocultarei, na agonia das casas, uma pena que esvoaça, a nudez de quem sangra à vista das catedrais.
O meu peito abriga as tuas sementes, e morre...»
José Agostinho Baptista, Despedida (excerto)
Dear Stranger,
WOW...Gostei do excerto. Excelente!
Obrigada!! :)
Bj
E o que resta depois disso tudo?
http://www.youtube.com/watch?v=T_uvgm2_hRk
Anónimo,
Gostei da escolha musical [gostei muito]
:))
Enviar um comentário